Com as campanhas políticas para as eleições deste ano em curso,
diversos líderes evangélicos anunciam suas preferências entre candidatos
e recomendam os mesmos a seus liderados.
Sobre esse assunto, a blogueira Vera Siqueira
publicou um artigo questionando as motivações por trás das
recomendações de líderes evangélicos a candidatos, e levantou uma dúvida
em seu texto: “Esse apoio se deve a uma direção que o Espírito Santo
deu aos líderes evangélicos, ou se deve a acordos de bastidores entre as
lideranças gospel e os políticos em questão?”, questionou.
Vera Siqueira pondera sobre a possibilidade de que a indicação tenha
motivações verdadeiras, livre de interesses particulares, mas ressalta
que caso a indicação não seja apenas baseada em propostas, está errada.
-Se a indicação se deve à inspiração divina, é totalmente válida,
afinal devemos obedecer a Deus. Porém, se a indicação se deve aos
interesses eclesiásticos, isso se torna algo criminoso espiritualmente
falando, um verdadeiro estelionato gospel, afinal se usa da influência
que um líder religioso tem sobre suas ovelhas para levá-las a agir
conforme a vontade humana, e ainda usando do nome de Deus (mesmo
subliminarmente, afinal levar um candidato ao púlpito e orar por sua
eleição predispõe os fiéis a acharem que Deus está no negócio) – pontua a
blogueira.
O texto propõe ainda uma reflexão a respeito do tema e possíveis
contradições protagonizadas por líderes evangélicos: “Cá para nós, isso é
algo ético? É algo cristão? Jesus agiria assim? Como é engraçado (para
não dizer triste) ver esses mesmos líderes gritando do alto de seus
púlpitos que os fiéis devem depender exclusivamente de Deus (pregação
ótima para obtenção de maiores e melhores ofertas), porém eles mesmos
não dependem de Deus, mas de favores conseguidos em conchavos de
bastidores”.
A blogueira encerra seu artigo com uma definição a respeito daquilo
que ela entende que a igreja deva se ater: “Púlpito é lugar de pregação
da Palavra, não de exposição de acordos humanos e políticos”.
Leia a íntegra do artigo “As igrejas indicam candidatos a cargos políticos por inspiração do Espírito Santo ou por interesses pessoais?”, de Vera Siqueira, abaixo:
Estamos em agosto, há poucos meses das eleições para prefeito e vereadores. Aqui em São Paulo as ruas já estão cheias de faixas, banners, cartazes e afins com fotos dos candidatos. É engraçado, pois se um comerciante quiser colocar uma faixa na frente do seu estabelecimento não pode, por conta da lei “Cidade Limpa”. Porém, emporcalhar São Paulo com as fotos dos caras de pau (com raras exceções) que pleiteiam uma boquinha na política, isso pode. Contradições que só os bastidores do poder podem explicar.
Mas enfim, o assunto deste artigo é outro. Nas últimas semanas, várias igrejas manisfestaram seu apoio político – diga-se de passagem, a “indicação” (ou será ordenamento?) – a candidatos. Mas fica a dúvida: esse apoio se deve a uma direção que o Espírito Santo deu ao líderes evangélicos, ou se deve a acordos de bastidores entre as lideranças gospel e os políticos em questão?
Essa é uma questão muito importante. Se a indicação se deve à inspiração divina, é totalmente válida, afinal devemos obedecer a Deus. Porém, se a indicação se deve aos interesses eclesiásticos, isso se torna algo criminoso espiritualmente falando, um verdadeiro estelionato gospel, afinal se usa da influência que um líder religioso tem sobre suas ovelhas para levá-las a agir conforme a vontade humana, e ainda usando do nome de Deus (mesmo subliminarmente, afinal levar um candidato ao púlpito e orar por sua eleição predispõe os fiéis a acharem que Deus está no negócio).
Mas como discernir se as igrejas estão agindo por interesse próprio ou por inspiração divina?
Devemos ter em mente que a Verdade é uma só (embora o adversário tende a construir “verdades alternativas” para enganar os incautos em todas áreas da nossa vida, não apenas no campo espiritual). Assim, o Espírito Santo tem que, por coerência, se agradar de apenas um candidato a prefeito, por exemplo (afinal, não dá para eleger mais do que um). Assim sendo, como explicar os dados a seguir?
Igreja Mundial do Reino de Deus apoia José Serra (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/08/waldemiro-abencoa-candidatura-serra-prefeitura-sp.html)
Assembléia de Deus do Brás Ministério Madureira apóia Gabriel Chalita (http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-08-08/candidatos-a-prefeito-de-sao-paulo-buscam-apoio-de-igrejas.html)
Convenção Geral das Assembléias de Deus apoia José Serra (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/08/waldemiro-abencoa-candidatura-serra-prefeitura-sp.html)
Igreja Sara Nossa Terra apoia Gabriel Chalita (http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-08-08/candidatos-a-prefeito-de-sao-paulo-buscam-apoio-de-igrejas.html)
Igreja Renascer em Cristo vai divulgar apoio a José Serra (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,serra-se-aproxima-da-renascer-e-tem-apoio-99-fechado,916171,0.htm)
Igreja Universal do Reino de Deus apoia Celso Russomano (http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-08-08/candidatos-a-prefeito-de-sao-paulo-buscam-apoio-de-igrejas.html)
Estranho, não? Não fica bastante claro que muitas igrejas estão usando da sua influência para ajudar a eleger um candidato que será, obrigatoriamente, um “devedor de favor”? E que, assim, terá que fazer concessões a favor dessas igrejas, em detrimento do resto da sociedade?
Cá para nós, isso é algo ético? É algo cristão? Jesus agiria assim?
Como é engraçado (para não dizer triste) ver esses mesmos líderes gritando do alto de seus púlpitos que os fiéis devem depender exclusivamente de Deus (pregação ótima para obtenção de maiores e melhores ofertas), porém eles mesmos não dependem de Deus, mas de favores conseguidos em conchavos de bastidores. Doce e triste ironia essa em que vive boa parte do mundo dito evangélico.
Todos devemos depender exclusivamente de Deus, e isso se refere também aos “intocáveis” líderes gospel. E, como tal, lhes compete levar as ovelhas ao senso crítico na hora de votar, e a orar por quem quer que seja eleito (afinal, a eleição não compete apenas aos evangélicos, mas a toda a sociedade, de forma que mesmo que uma igreja vote em bloco no candidato X, isso não significa que o candidato Y não venha a se eleger). Púlpito é lugar de pregação da Palavra, não de exposição de acordos humanos e políticos. Um candidato que sobe no púlpito não significa que virou cristão, embora os líderes gospel gostem de bradar isso (procurem no Youtube o vídeo da “conversão do Kassab” e morram de vergonha alheia). Ao contrário, temos visto muitos lobos políticos se unindo aos lobos eclesiásticos, profanando o Sagrado a olhos vistos.
Que Deus poupe as ovelhas do matadouro.
Redação Gospel+
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