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sábado, 1 de janeiro de 2011

Igreja "sem nome" e sem dízimo faz sucesso na região de Pe. Cícero

          O mês de dezembro traz consigo uma áurea de misticismo em torno de Jesus Cristo, o grande aniversariante do mês. A religião continua atraindo milhares de fiéis e, ao mesmo tempo, algumas pessoas se decepcionam com seus pastores ou padres. É o caso da religião sem nome, sem igreja, sem padres e pastores e que tem como único líder Jesus Cristo, que foi criada no Crato, no ano passado. Este ano, a comunidade religiosa sem nome celebrou o Natal distribuindo CDs com o Novo e o Velho Testamentos. Os 48 CDs com o texto bíblico foram gravados por José Jesus de Almeida, integrante da nova comunidade evangélica, durante mais de 1 mil horas de trabalho. Ele passou um ano acordando às 3 horas da madrugada para fazer a gravação. Durante a semana passada, os CDs foram distribuídos na feira livre do Crato.          Alguns feirantes estranharam o presente, dizendo que "hoje em dia ninguém dá ou oferece nada de graça". O vendedor de feijão, José Batista do Nascimento, aceitou o presente, quando Almeida garantiu que o CD era grátis.

Dificuldade
          O mais complicado, segundo afirma, foi conseguir uma Bíblia com os direitos autorais liberados. As igrejas Católica e Evangélicas, segundo Almeida, não permitiram a gravação dos textos bíblicos, sob alegação de que de que existiam contratos com outras gravadoras. Mesmo assim, o radialista não desistiu. Conseguiu uma Bíblia traduzida para o português pelo padre João Ferreira de Almeida, em 1819. A partir de então, se enfurnou dentro de um estúdio para iniciar a gravação.

          O objetivo do trabalho evangélico não é conseguir adeptos, reunir pessoas dentro de um templo. A finalidade, de acordo com Almeida, é doutrinar, convencer as pessoas de que cada um pode demonstrar o seu amor a Cristo sem intermediários, sem um local estabelecido para suas orações e reflexões.
          Almeida lembra o livro "A Igreja de Casa em Casa", escrito pelo autor evangélico Luciano Silva. A publicação destaca que, durante seus primeiros 300 anos de existência, a igreja utilizou as casas dos discípulos para se reunir como a família de Deus. Durante seu ministério, Jesus também usou casas como base de trabalho, visitando aqueles que ele queria ensinar e repassar seu exemplo de vida.

Missão
          "Para sermos verdadeiramente ´igreja´, o povo de Jesus, não é necessário nos preocuparmos em construir prédios próprios, impondo uma carga financeira pesada sobre os seguidores de Cristo. A missão pode ser cumprida onde as pessoas estão: em suas casas", orienta ele.

          "De Casa em Casa" foi escrito para instigar o leitor a participar ativamente do reino de Deus e promover o crescimento da igreja, encorajando-o a fazer discípulos de Jesus e a plantar a semente do Evangelho em locais que ainda não foram alcançados pela mensagem salvadora da cruz.
          Luciano Silva esclarece que a crítica não é ao clero enquanto instituição. "As pessoas que têm cargos de ministros e pastores são, em sua maioria, pessoas admiráveis. Amam a Deus e se comprazem em servir ao Senhor e seu povo. Geralmente são sinceros, amorosos, inteligentes, altruístas, e longânimes", esclarece o autor.
          "Do mesmo modo que os advogados protegem e interpretam a lei, e os médicos protegem e administram remédio, o clérigo protege, interpreta e administra a palavra de Deus", compara o autor, destacando que como outra profissão qualquer, o clero estabelece padrões de conduta acerca de como seus membros devem se vestir, falar e agir, no serviço ou ainda fora do serviço.
          A igreja criada na cidade do Crato, de acordo com o radialista, "é a restauração do antigo cristianismo, quando os seguidores de Jesus pregavam de casa em casa e exerciam a verdadeira partilha, a solidariedade, principalmente, para com os mais pobres, abandonados, que nunca, por exemplo, comemoraram o seu próprio aniversário".

Dízimo
          Os integrantes da igreja sem nome não cobram dízimos. Ao contrário, tiram dinheiro do seu próprio bolso para ajudar pessoas pobres e abandonadas. Mendigos, alcoólatras, desempregados, ou pessoas com deficiência mental são retirados das ruas e reintegradas à sociedade com ações sociais que vão desde a entrega de cestas básicas até a realização de festas de aniversário. "A Igreja somos", define o evangélico José Paulino, conhecido por Jucier, esclarecendo que a prática religiosa deve ser feita em qualquer lugar: no trabalho, num hotel, numa praça, num sítio, numa praia, numa casa etc. O próprio Jesus disse: "onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles", lembra o outro integrante da Igreja.


Por Antônio Vicelmo
Fonte: Diário do Nordeste


Via: www.guiame.com.br

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